Convívio social abalado, perda de familiares vítimas da Covid-19, mudanças na rotina escolar e medo são alguns dos fatores que tem contribuído para afetar a saúde mental de crianças e adolescentes durante a pandemia do novo coronavírus. Com o avanço desse novo contexto social, muitas mudanças ocorreram e provocou o aumento de atendimento psicológico para saúde mental de crianças e adolescentes no mundo.
Dados de uma pesquisa feita pelo Serviço Nacional de Saúde (NHS) inglês – semelhante ao Sistema Único de Saúde (SUS) – mostrou um aumento de 20% no número de jovens encaminhados para serviços de saúde mental infantil e adolescente na Inglaterra em relação a 2019. No Brasil, de acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), o país é a nação mais ansiosa do mundo (9,3%) e a segunda maior das Américas em depressão (5,8%).
É importante que os pais e/ou responsáveis fiquem atentos a alguns sinais que as crianças possam manifestar de abalo emocional, como mudanças extremas de comportamento, no apetite ou no sono, além da possibilidade de surgirem sintomas físicos como dor de cabeça ou problemas gastrointestinais. A psicóloga da Dmi Catharine Muller recomenda atenção e, em casos necessários, a busca por um profissional.
“São sinais que estão atrapalhando a qualidade de vida das pessoas e, até que elas voltem aquela rotina de antes, é todo um processo, não é de um momento para o outro que isso acontece, depois de todo esse choque provocado pela pandemia e que o mundo recebeu. Primeiramente, a gente precisa excluir causas biológicas, muitas vezes os sintomas emocionais são confundidos com questões de doenças de saúde física também. Então primeiramente, eu recomendaria a busca por um médico ou clínico, dependendo da queixa que se tenha e, a partir desse rateio, onde será feito os exames físicos, é que o médico vai ajudar excluindo essa causa orgânica para depois entender que é de fato uma causa emocional e ter um direcionamento melhor”, explica.
Com os altos índices de mortes pela Covid-19, ultrapassando cerca de 200 mil óbitos no Brasil, é importante que os familiares troquem ideias com as crianças e adolescentes, evitem bombardeamento de informações para prevenir queda da imunidade e uso inadequado de medicamentos. A psicóloga Denise Rocha explica que o isolamento afetou bastante a saúde mental das pessoas e fala da importância do acompanhamento profissional.
“Essa situação somada a todo estresse ao qual estamos submetidos nesse período, está sem dúvidas nos trazendo prejuízos, aumentando principalmente os níveis de ansiedade, pois os fatores desconhecidos e incertos aumentam também a insegurança, o medo, a dúvida, e até reações mais intensas como o pavor e o pânico. As pessoas que já estavam em acompanhamento psicológico e psiquiátrico devem, mais do que nunca, dar continuidade em seus tratamentos, principalmente, para evitar a deterioração do equilíbrio psicológico e transtornos mais graves. Se cuidem”, recomenda.