O “Novembro Azul” reúne num só mês informações e campanhas que devem ser lembradas durante todo o ano sobre a conscientização e importância do diagnóstico do câncer de próstata. Doutor Carlos Eduardo Bonafé Oliveira, médico urologista do Sistema Hapvida, com título pela Sociedade Brasileira de Urologia, explica que o diagnóstico tardio da doença pode torná-la fatal.
Quando descoberto na fase inicial, a chance de cura do câncer de próstata é de pelo menos 90%, como explica o médico. “Próstata é uma glândula localizada logo abaixo da bexiga. Sua função é a produção de parte do esperma, que é o líquido que mantém os espermatozóides vivos após a ejaculação para realizarem a fecundação do óvulo. O câncer de próstata é uma doença na qual há uma proliferação atípica das células da próstata, levando à formação de células malignas que se multiplicam de maneira muito rápida. Quando não descobertas em fase inicial, podem se espalhar pelo corpo, ou seja, causar metástases e levar a óbito. É o segundo câncer mais comum nos homens. Quando descoberto em fase inicial e tratado de maneira adequada, a taxa de cura é maior que 90%. Porém, 25% dos pacientes com câncer de próstata morrem devido às complicações da doença, principalmente pela falta de informação e devido ao diagnóstico tardio, em fase mais avançada da doença”.
Entre os exames para detectar o câncer de próstata, há o de toque retal, que ainda é alvo de preconceito entre os homens. No entanto, Carlos informa que atualmente o preconceito é menor. “Na análise física, é realizado o exame digital da próstata, conhecido como toque retal. Nele, o urologista observa o tamanho da próstata, a consistência e se há nódulos na próstata, o que é sugestivo de câncer. Com informação, divulgação da doença e conhecimento da mesma, o preconceito com esse tipo de exame está sendo reduzido. A maioria dos pacientes permite a realização, mas devemos buscar, informar e orientar também aqueles que nem vão ao consultório por medo e falta de informação. É um exame muito simples, rápido e que salva muitas vidas”, salientou.
O exame de toque retal não é a única forma para obter o diagnóstico. Na consulta, o médico avalia histórico dos pacientes e exames laboratoriais. “Para rastrear o câncer de próstata, devemos avaliar a história dos pacientes, realizar o exame físico e solicitar exames laboratoriais e de imagem, quando necessário. Se há algum parente de primeiro grau, como irmão ou pai, com a doença, a chance de o paciente ter o câncer é duas vezes maior. Além do toque retal, há o exame laboratorial e o de mais fácil acesso que temos é o exame de ‘PSA’, que é uma proteína produzida pela próstata, que se apresenta aumentada nos casos de câncer – mas também pode indicar outras doenças como o aumento benigno da próstata, a hiperplasia prostática benigna, ou HPB, e infecções da próstata, a prostatite. Exames de imagem, como a ultrassonografia da próstata e a ressonância multiparamétrica da próstata, também auxiliam no rastreio da doença. Os exames de toque e PSA devem ser sempre realizados, pois um não exclui a necessidade do outro, ou seja, eles são complementares. Por meio do toque retal, 20% dos cânceres de próstata são diagnosticados apenas por meio desse exame, isso define a importância dele. Quando há a suspeita de câncer, deve ser realizada a biópsia de próstata, exame que retira fragmentos da próstata e que são analisados por médico patologista, para determinar o diagnóstico do câncer de próstata”, completou
Alimentação saudável e atividade física ajudam na prevenção
Para prevenir o câncer de próstata, o médico recomenda alimentação saudável e atividade física regular, além de evitar a obesidade. “Há forte relação do desenvolvimento de câncer de próstata e outros tipos de câncer com estilo de vida sedentário e obesidade por alimentação gordurosa. A intenção da consulta rotineira com urologista para a realização do exame de próstata, é a detecção precoce, ou seja, no início da doença, quando o câncer está localizado apenas na próstata, o que permite ao paciente uma chance muito maior de cura”.
Para os homens que não têm histórico de doença na família ou fatores de risco, o câncer de próstata surge com mais frequência naqueles com idade a partir de 50 anos. Já para quem tem histórico familiar e para homens negros, a faixa etária é menor: 45 anos.
Meios de tratamento
Carlos explicou que os tumores de próstata podem ser divididos em tumores de baixo risco, risco intermediário e alto risco. “Os tumores de baixo risco têm uma chance muito pequena de evoluir para algo mais agressivo, por isso são acompanhados com vigilância ativa, com exames laboratoriais, exames de toque, ressonância magnética e biópsias de próstata. O acompanhamento deve ser rigoroso e diante de qualquer alteração nos exames, o urologista deve mudar o tratamento. Nos tumores de risco intermediário e alto, mas com doença localizada na próstata, poder ser realizada a cirurgia de retirada total da próstata, chamada de prostatectomia radical, ou a radioterapia. Em ambos casos, há risco de disfunção erétil e incontinência urinária, o que deve ser discutido com urologista. A cirurgia pode ser realizada por via aberta, por videolaparoscópica pura ou robótica. Em tumores avançados, com metástases, é indicado terapia hormonal para controle da doença, o que consiste em medicações que inibem a produção ou a ação da testosterona, que é o hormônio que ‘alimenta’ o câncer de próstata. Na falha desses, pode ser realizado o tratamento com quimioterapia”, finalizou.