Sua Saúde

Acompanhamento

Terapeuta ocupacional orienta pais no processo de desfralde dos filhos

Para algumas crianças o desfralde pode ser mais demorado do que para outras e o acompanhamento dos pais ou responsáveis pode ser fator preponderante.

Atualizado em 11 de agosto de 2020 - 17:43

Imprimir

O desfralde corresponde ao momento em que as crianças estão prontas para abandonar as fraldas e controlar adequadamente os esfíncteres (músculos) que impedem a eliminação de urina e fezes de forma involuntária. De acordo com a terapeuta ocupacional da Intermed, Márcia Fonseca, para algumas crianças o desfralde pode ser mais demorado do que para outras e o acompanhamento dos pais ou responsáveis pode ser fator preponderante para o êxito desse processo.

“Em condições normais, após determinada idade, alguns músculos de nosso corpo deveriam ser capazes de manter a urina dentro da bexiga e as fezes dentro das porções finais do intestino até que comandos provenientes do sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) provocassem o relaxamento destes músculos e a expulsão da urina e fezes. Quando a criança já está entrando na fase de abandonar a fralda, ela começa a dar alguns sinais. Nesse momento, é importante que os pais incentivem o desfralde passando segurança e tranquilidade para as crianças”, explicou.

Márcia disse ainda que um dos sinais mais comuns de que a criança está preparada para iniciar o processo de desfralde é a demonstração de nojo ou inquietação na hora das necessidades fisiológicas. “A criança começa a indicar que a fralda está suja e se incomodar com o fato. Apresenta também rituais na hora de fazer xixi ou cocô como ir para um canto específico da casa e se agachar”.

Para orientar os pais ou responsáveis durante esse processo de desfralde Márcia deixou algumas dicas importantes:

Dica 1: A mais básica de todas, NÃO TENTE desfraldar seu bebê antes que ele tenha maturidade para isso. Lembre-se: pouquíssimas crianças ficarão longe das fraldas antes dos 2 anos de vida.

 Dica 2: Tenha certeza de que o bebê não apresenta nenhuma doença física que possa estar dificultando o desfralde, como um quadro de infecção urinária ou alguma alteração anatômica do sistema urinário.

Dica 3: Como nós já sabemos que as crianças aprendem por imitação, permita que o bebê observe quando algum irmão, pai ou mãe estiver utilizando o banheiro. Isso fará com que esse momento se torne algo muito mais natural.

Dica 4: Quando você for fazer a transição da fralda para o banheiro, tente não utilizar o penico e sim o vaso sanitário com assento redutor de tamanho. Nós sabemos que muitas crianças autistas têm uma grande dificuldade para generalizar comportamentos (ou seja, utilizar o mesmo comportamento em situações diferentes daquelas que foram treinadas). Outro aspecto importante é que se a criança permanecer por muito tempo utilizando o penico, acabamos criando um novo problema, pois, como não temos esse objeto fora de casa, você terá que continuar utilizando fralda quando sair com a criança.

Dica 5: Além do assento de vaso redutor de tamanho, é FUNDAMENTAL que haja um apoio para os pezinhos, para que a criança se sinta confortável nesse momento. Há assentos que têm, inclusive, apoio lateral para apoiar e segurar com as mãozinhas.

Dica 6: Se possível, tente o desfralde no verão ou na primavera, pois as chances de sucesso serão maiores. Nos meses de temperatura mais baixa, as pessoas normalmente perdem menos água por transpiração e, por esse motivo, urinam muito mais.

Dica 7: Retire primeiro a fralda do dia e, quando esse comportamento estiver bem estabelecido, retire a fralda da noite. Retirar a fralda do dia e da noite simultaneamente pode acelerar o processo e pode trazer incômodos e frustrações desnecessárias.

Dica 8: Para as crianças que têm medo ou receio de entrar no banheiro, deixe que eles fiquem do lado de fora somente observando o que acontece lá dentro, enquanto você toma banho, escova os dentes ou usa o sanitário. Depois, através de aproximações progressivas, tente fazer com que a criança vá aos poucos entrando e permanecendo cada vez por mais tempo dentro do banheiro.

Dica 9: Mesmo que o seu bebê seja um menino, o treinamento para fazer xixi no vaso sanitário deve ser realizado com ele SENTADO. Primeiro porque isso facilita a aquisição dessa habilidade e, segundo, porque frequentemente teremos xixi e cocô ao mesmo tempo.

Dica 10: Sabemos que o comportamento humano é, geralmente, estabelecido por mecanismos de reforçamento e punição. Assim, você precisa estar MUITO atenta e, SEMPRE que o bebê acertar o xixi ou o cocô no vaso sanitário, ele precisa ter seu comportamento IMEDIATAMENTE reforçado com um elogio, um livrinho ou um brinquedo de sua preferência.

Dica 11: Quando você perceber que a criança está realmente pronta para o desfralde, uma boa ideia é levá-la para comprar cuecas ou calcinhas divertidas, coloridas ou com personagens infantis estampados. Isso pode ser muito estimulante para que eles deixem definitivamente a fralda de lado.

Dica 12: Sabemos que as crianças no TEA, geralmente, têm melhor capacidade de aprendizado quando utilizamos pistas visuais. Para muitas dessas crianças, as pistas verbais não são minimamente eficazes. Assim, colar imagens ilustrativas de como fazer xixi e cocô no vaso sanitário pode ajudar nesse processo.

Dica 13: O desfralde pode ser fácil para algumas crianças autistas, pode ser difícil para outras, mas, na imensa maioria das vezes, não será impossível. Talvez a palavra chave nesse processo seja PACIÊNCIA.

Fonte: Com informações da Ascom