Suspensão

Construção civil cobra plano para retomada dos trabalhos

Sinduscon destaca que 15% do corpo efetivo já foi demitido e que a paralisação prolongada do setor tem sufocado a economia do Estado.

Atualizado em 29 de maio de 2020 - 15:33

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A pandemia causada pela Covid-19 tem provocado impactos econômicos significativos em diversos setores da sociedade. Isso se comprova com o último levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) apontando que o estado do Piauí teve perda de 43,7% de arrecadação tributária, o que representa danos irreparáveis aos empregos e empresas.

A construção civil é um dos segmentos que está com as atividades paralisadas há cerca de 70 dias, mesmo após decreto federal que incluiu o setor no rol de atividades essenciais para a retomada da economia no cenário pós-pandemia. Representando 57% do Produto Interno Bruto (PIB) Industrial do Piauí, cerca de 15% do efetivo de trabalhadores já foram demitidos por conta das graves consequências das medidas de isolamento social.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon Teresina), Francisco Reinaldo, destaca que a paralisação total do setor de forma prolongada é uma medida contrária à proposta de não sufocar a economia do Estado, que já tem apresentado dificuldades para se manter estável. Ele ainda pontua que o diálogo com as lideranças do Governo e Prefeitura tem acontecido constantemente, mas que nem mesmo um plano de reabertura gradativa da economia foi apresentado. “Teresina é a capital com medidas mais restritivas com relação à construção civil, tanto pelo fato de ter paralisado todo tipo de obras, como pelo tempo decorrido de paralisação das atividades. Isso tem gerado impactos sérios na manutenção de diversos setores essenciais. O Piauí registrou 43,7% de queda de arrecadação. A nossa capital teria que ser a melhor em termos de indicadores dessa pandemia, e não é o que vemos. É fato que estamos, provavelmente, entre os dez primeiros em indicadores positivos, mas pelo nosso rigor era para estarmos em primeiro lugar. Lugares que não tiveram todo esse rigor, tanto em termos de tempo como de segmentos paralisados, estão em situações bem melhores que o Piauí e Teresina”, comenta.

O segmento industrial tem frisado que os 70 dias de atividades suspensas diverge com a proposta de atenção à economia, geração e manutenção de empregos nesses tempos de pandemia. “Inicialmente orientamos para que os gestores evitassem as demissões, mas agora não tem mais como sustentar isso, pois as empresas já fizeram todos os esforços que podiam. Hoje, temos 100% do setor paralisado, o que representa um universo de mais de 20 mil trabalhadores inativos. A princípio, 15% do do corpo efetivo já foi demitido e, infelizmente, acreditamos que na próxima semana já haverá uma quantidade bem maior de demissões. Não queremos assustar em relação a isso, mas é uma realidade, pois as empresas já fizeram um esforço muito grande para manter todo o quadro de funcionários”, revela o presidente.

Todos os cuidados fundamentais devem ser seguidos para conter o avanço do novo coronavírus e o Sindicato compreende que o retorno agora deve ocorrer integralmente, levando em conta o tempo de suspensão das atividades do segmento. Segundo o presidente Francisco Reinaldo, os últimos dados divulgados já mostram uma estabilização da evolução da doença. “No Piauí, ainda tem aumentado um pouco por causa das cidades do interior, mas na capital já há uma estabilização. Não no sentido de volume e quantidade, mas em relação ao índice de velocidade que agora é menor, comparado a como aumentava anteriormente”, frisa.

Ele ainda reforça o importante papel da construção civil nesse momento crítico e ressalta que protocolos de segurança que já foram apresentados à Prefeitura e demais órgãos competentes. “Temos tido esse cuidado de mostrar os protocolos que as empresas deverão adotar para essa retomada segura. No mundo todo a construção parou muito pouco, porque é uma atividade que poderia estar funcionando e contribuindo com nosso Estado. Até nos locais que tiveram lockdow, as obras públicas e de infraestrutura não pararam. Estávamos na expectativa de um retorno, só que faz mais de 30 dias que entregamos uma proposta à Prefeitura e até o momento não tivemos resposta. O importante do protocolo é que se você resolver retornar daqui uma semana ou 10 dias, as empresas já estarão se preparando”, explica o presidente.

Francisco Reinaldo ainda afirma que o setor está consciente de todas as medidas sanitárias junto aos colaboradores. “Tem sido reforçado o uso de máscaras, de álcool gel distribuído ao longo das obras, que normalmente são abertas. Está incluso a medição da temperatura corporal dos trabalhadores nos canteiros de obras, bem como a divisão do horário de almoço ou ampliação dos refeitórios, se houver possibilidade para isso. Essas são medidas suavizadoras de riscos”, finaliza o presidente do Sinduscon Teresina.

Fonte: Com informações da Ascom